O Samba de Roda da Doutora Dalva Damiana, também conhecido como Samba Suerdieck, é um dos mais belos e tradicionais dos Sambas de Roda do Recôncavo Baiano. Oriundo direto dos batuques africanos, a característica principal do grupo, além do pioneirismo para apresentações públicas em Cachoeira, é a performance das baianas. Fundado pela Doutora Honoris Causa Dalva Damiana de Freitas, o grupo de operárias charuteiras preserva sua performance tradicional com tocadores e sambadeiras caracteristicamente trajadas de baianas, demonstrando sua elegância em roda. A musicalidade é conduzida pela Doutora Dalva Damiana e Mestra Ana Olga, sambadeira, compositora e filha, apresentando o samba corrido e barravento, em que as baianas sambam o “miudinho” e convidam a próxima com uma umbigada.

O Samba de Roda de Dona Dalva participou ativamente para o registro do Samba de Roda do Recôncavo da Bahia, através da solicitação de registro como Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em 2004, obteve o registro brasileiro, em 2005 foi proclamado Obra-Prima e Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e em 2020 foi considerado Patrimônio Imaterial da Bahia através da Secretaria de Cultura do Estado.

Sobre Dona Dalva Damiana
Dona Dalva Damiana é filha de Obaluaê, nasceu na cidade e Cachoeira, na região do Recôncavo da Bahia, e está com 95 anos. Filha de pai sapateiro e mãe charuteira, estudou até o segundo ano primário e, desde muito nova, foi obrigada a abdicar dos estudos para contribuir com o sustento da família. Trabalhou como operária charuteira na fábrica Suerdieck, local onde criou o grupo cultural Samba de Roda Suerdieck em 1958. Dalva Damiana é artista completa: além de sambadeira, é cantora, compositora, integrante da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, organizadora do Terno de Reis Esperança da Paz, Terno das Baianas do Acarajé, Quadrilha Junina da Terceira idade “Quanto mais velho, melhor” e o Samba de Roda Mirim Flor do Dia, além de procissões e demais ações culturais em Cachoeira. A sua criatividade e organização para a fundação do Samba de Roda Suerdieck resultaram na reunião de elementos e símbolos vivenciados em seu cotidiano, no trabalho e na religiosidade. As tabuinhas utilizadas no palmeado eram ferramentas de trabalho na charutaria, as vestes das baianas do grupo se referem a indumentárias que sua avó paterna utilizava e as cantigas aprendeu com a sua avó materna. Do amor e consciência pela necessidade de preservação do Samba de Roda tradicional, fundou o Samba de Roda Mirim Flor do Dia. Em 2012, foi condecorada com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, por sua vida dedicada à cultura popular, sobretudo ao Samba de Roda tradicional. Possuidora de um vasto repertório musical, contribuiu para o registro do Samba de Roda do Recôncavo Baiano. Em 2003, através da Associação Cultural do Samba de Roda Dalva Damiana de Freitas, solicitou o registro do Samba de Roda ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), ação promovida em parceria com a Associação de Pesquisa em Cultura Popular e Música Tradicional do Recôncavo e Associação Cultural Filhos de Nagô. Atualmente, Samba de Roda é Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil (IPHAN-2004), Obra Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade (UNESCO-2005) e Patrimônio Cultural da Bahia (IPAC-2020). Junto com o seu grupo, Dona Dalva possui CDs gravados, dos quais estão o “Samba Baiana – a vivência cantada de Dona Dalva”, “Samba de Roda Suerdieck” e “Samba de Dalva”. Atualmente, é aposentada e, em conjunto com familiares e amigos, promove ações na Casa do Samba de Roda de Dona Dalva, espaço em que recebe visitantes, mantém ativo o seu acervo de fotografias, indumentárias e instrumentos em exposição, promove ensaios e apresentações com a diversidade cultural, além de frequentemente contribuir com o desenvolvimento de trabalhos acadêmicos.