I EMUSE levou a Cachoeira profissionais e gestores da educação museal de todo o Brasil

De 6 a 8 de julho, Cachoeira, cidade do Recôncavo da Bahia, se tornou a capital nacional da educação museal. Realizado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) em cooperação com o Observatório da Economia Criativa da Bahia (OBEC), através de convênio com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), o I Encontro Nacional de Educação Museal (EMUSE) reuniu mais de 350 participantes oriundos de 23 estados de todas as regiões brasileiras, em 34 horas de programação durante os três dias.

Focado em debater a Política Nacional de Educação Museal (PNEM) e as estratégias para a sua efetiva implementação nos âmbitos federal, estadual e municipal, o EMUSE também marcou o lançamento das conferências temáticas prévias à 4ª Conferência Nacional de Cultura (CNC), que acontecerá em Brasília no mês de dezembro. Deste modo, as pessoas presentes puderam votar as três propostas prioritárias que serão encaminhadas ao eixo “Identidade, Patrimônio e Memória” da etapa nacional.

A programação do EMUSE, totalmente gratuita, promoveu minicurso, apresentações de trabalhos, mesas de debate, encontros de redes, grupos de trabalho e atividades culturais, concentrados no Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL/UFRB), mas também se expandindo por toda a cidade. A histórica Estação Ferroviária de Cachoeira recebeu o Samba de Roda de Dona Dalva, que mostrou aos presentes esta tradição tombada como Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil pelo Iphan e proclamada Obra-Prima e Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco.

Um dos destaques foi a mesa oficial de abertura, apresentada pelas coordenadoras gerais do evento, Marielle Costa, do Ibram, e Daniele Canedo, do OBEC, que receberam Fernanda Castro, presidenta do Ibram; Roberta Martins, secretária dos Comitês de Cultura do Ministério da Cultura (MinC); Fabiano Piúba, secretário de Formação, Livro e Leitura do MinC; João Gustavo Andrade, chefe do Escritório Técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Cachoeira; Luciana Mandelli, diretora geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC); Fábio Josué dos Santos, reitor da UFRB; Dyane Reis, diretora do CAHL/UFRB; e Eliana Gonzaga, prefeita de Cachoeira. Falas contundentes exaltaram a democracia, o direito à cultura e à educação, a importância da participação social na construção de políticas públicas e a trajetória e desafios da educação museal brasileira. Este foi também o momento de reverenciar a homenageada do I EMUSE: a Professora Dra. Maria Célia Teixeira Moura Santos, museóloga e educadora, referência da educação museal no Brasil.

O EMUSE ainda foi espaço para o lançamento e discussão da PEMBrasil – Pesquisa Nacional de Práticas Educativas dos Museus Brasileiros e para a sessão especial “Reflexões sobre o Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia: visibilizar outras narrativas sobre a história e a identidade brasileira”. Cinco mulheres que constroem pontos de vista sobre a emancipação do país emocionaram a plateia: Any Manuela Freitas, sambadeira e especialista em Políticas e Gestão Cultural; Daiara Tukano, artista, ativista, educadora, comunicadora e pesquisadora do direito à memória e à verdade dos povos indígenas; Dona Dalva Damiana, sambadeira, doutora honoris causa pela UFRB, que, aos 95 anos, é símbolo da cultura de Cachoeira; Renata Bittencourt, gestora cultural, historiadora da arte que investiga a representação do negro e responsável pela área de Educação do Instituto Moreira Salles (IMS); e Wlamyra Albuquerque, professora do departamento e do Programa de Pós-Graduação em História da UFBA, que investiga a construção de fronteiras sociorraciais e delimitação de direitos na sociedade brasileira durante o processo abolicionista e no pós-abolição. A mediação foi de Georgina Gonçalves dos Santos, mestre em Educação e doutora em Ciências da Educação, professora da UFRB.

Das pesquisas recentes que vêm sendo realizadas sobre o assunto em todo o país, o EMUSE contou com apresentação de 44 trabalhos selecionados: artigos, teses, dissertações e relatos de experiência, divididos em “Perspectivas teóricas, epistemológicas e metodológicas do campo da educação museal”, “Educação museal, ciências e tecnologias”, “Parcerias e relações comunitárias”, “Patrimônios, territórios e comunidades”, “Experiências acessíveis” e “Gestão das práticas educativas”.

Vários grupos de trabalho e encontros de redes proporcionaram a análise coletiva e a proposição de melhorias para as políticas públicas de educação museal, bem como os documentos e marcos legais que formalizam suas práticas. Tudo foi compartilhado numa plenária final, momento também em que Fernanda Castro, presidenta do Ibram, e Márcio Rangel, diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, assinaram um protocolo de intenções para realizar um projeto de educação museal sobre memória climática, a ser concebido em conjunto com entidades e coletivos culturais do Programa Pontos de Memória.

O EMUSE foi encerrado com o Grupo de Arte Popular A Pombagem, em cortejo pelas ruas de Cachoeira e no espetáculo “O Museu É a Rua”, a céu aberto. No total, 45 artistas se apresentam durante o evento, entre poetas, performers, forrozeiros, músicos, sambadeiras e sambadeiros.

As mesas do EMUSE tiveram tradução em Libras e 16 horas de transmissão ao vivo pela TV UFRB (www.youtube.com/@TVUFRB), onde permanecem disponíveis.